quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Constante dos Relacionamentos


Certo dia ouvi uma frase que até hoje me deixa impressionado a sacada do negócio.

“De todos os seus relacionamentos que deram errado, a única constante era você”
Infelizmente, autor desconhecido.

Trabalho há muito tempo com o governo, sempre atendendo como cliente. Seja fábrica externa ou interna. Percebo um ciclo constante de “relacionamentos” que dão errado. O governo busca um determinado serviço, faz seus editais cheios de critérios e cláusulas a seu favor. Por outro lado as empresas arrumam seus títulos e dão um jeito de participar do leilão.

A vencedora é escolhida e começa imediatamente a lua de mel. Conversando tudo é possível, e papel aguenta tudo. Caderninhos são apresentados, canetas, blocos de notas. De repente todo o órgão vestiu o material de escritório do fornecedor. Maravilha. As reuniões são divertidas, todos riem, contam piadas, enquanto mascam as balinhas em cima da mesa.

O primeiro projeto atrasa, nada de brigas. “Estamos em processo de adaptação, era esperado”. Ninguém multa. Até que isso se torna constante, quase 1 ano de contrato, e nada foi entregue. Surge a primeira grande reunião para acertar os pontos. Ambos assumem suas culpas e a promessa é renovada. “Renovamos por mais um ano, toquem o sino”. O segundo ano é mais confuso ainda, e o terceiro só começa pois ninguém conseguiu fazer o novo edital para licitação. Começam as renovações de emergência, 6 meses. A situação se tornou insuportável, gritos, ameaças e socos na mesa, além de ofícios de notificação e multas aplicadas. O fornecedor manda uma equipe para dentro do cliente. “O problema é ser remoto, vão lá e resolvam”. É o famoso “dar um gás”.

Finalmente o cliente termina o edital, que curiosamente estava pronto 3 anos atras. Licita, temos outra vencedora, a esperança se renova. Papel aguenta tudo. O preço é menor, e pior do que a anterior não é possível, o otimismo reina. Esse é o primeiro sentimento: estava tudo errado com a outra. Até que a história se repete: “tudo isso já aconteceu antes, e acontecerá novamente”. O sentimento muda: “ei, até que a outra empresa não era tão ruim assim”. Mas a empresa anterior já está em lua de mel com outro órgão.

Quem ganha com isso? O governo não tem os serviços que queria, multar não é o objetivo. Mesmo aos trancos e barrancos o fornecedor acaba lucrando.

Nesse exemplo, quem é a constante dos relacionamentos?

2 comentários:

  1. A resposta é simples, o governo. E o pior, ele não aprende mesmo depois de errar várias vezes.

    Alguns apostam que o governo caminha para um colapso geral. Estou com eles.

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  2. “O elefante é um camundongo construído segundo as especificações do Estado.” Robert Heinlein.

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